A simples e sorridente rapariga, a animada, amiga, fiel, a que todos
adoravam, aquela a quem toda a gente recorria quando faltava um ombro
amigo ou aqueles pequenos conselhos, que ela sabia dar tão bem…
Ninguém imaginava o quão mal ela estava, como revirado estava o seu mundo, como destroçado estava o seu coração… ninguém sabia…
Debaixo daquele sorriso, de toda aquela alegria, estava uma dor
torturante, esmagadora, algo que a matava mais um pouco a cada dia que
passava.
Aqueles conselhos não eram simples palavras, eram lições
que a vida lhe tinha ensinado, nem sempre da melhor maneira, aliás,
sempre foram da pior maneira. Não eram daquelas lições que não dá
vontade de passar do quadro, ou aquelas matérias chatas que dão sono,
não eram… Quem lhe dera que fossem… Eram lições que sugavam as forças,
que faziam com que a vontade de viver fosse nula… foram batalhas
difíceis… ainda o são…
O simples ato de acordar e ir para a escola, é
uma batalha difícil, diária, andar escondida atrás de um sorriso não é
fácil, acreditem… principalmente quando a vontade é chorar e gritar ao
mundo o quanto dói, mas ela preferia guardar tudo isso para a noite.
Aliás já fazia parte da rotina, quando ela se deitava, as lágrimas
automaticamente começavam a escorrer, sendo apagadas pela almofada, e os
gritos abafados pela mesma.
Era assim já á algum tempo…
Alguém o sabe? Não! Alguém notou? Não!
E perguntam-se vocês: “mas se tanta gente gostava dela e ela tinha tantos amigos, como é que ninguém reparou?”
Pois bem, aqueles que ela sempre considerou amigos, aqueles que ela
acreditava o serem, na verdade nunca o foram. Ao longo do tempo ela
apercebeu-se que eles eram só mais umas pessoas que conviviam com ela
todos os dias, mas que apenas se lembravam dela quando precisavam(so apenas alguns verdadeiros a quem ela se mantinha fore com eles)
Esta era uma das muitas razões para ela estar virada do avesso, uma das
muitas razões para ela mal comer, uma das muitas razões para ela se
cortar…
Sim, ela cortava-se, ninguém o sabia, mas ela fazia-o. Não
para morrer, embora isso lhe passasse pela cabeça algumas vezes, mas sim
para aliviar tudo o que sentia. Motivos não lhe faltavam…
Para
alguns podiam ser apenas pequenas tempestades em copos de água, mas para
ela, eram como facas, que lhe iam espetando ao longo do tempo…
Ela
olhava-se ao espelho e via uma rapariga que ela odiava, um corpo
horroroso, via as cicatrizes, via todos e mais alguns defeitos.
, inicio de depressão, tudo devido ao bullying,
tudo devido a pessoas que não pensavam no que diziam esquecendo-se que a
podiam magoar!
“és gorda”, “não achas que está na altura de fazeres
dieta?”, “que feia”, “parva”, “falsa”, olhares de lado, ameaças e mais
insultos.
Todas estas palavras ecoavam na cabeça dela, a toda a
hora, fazendo com que ela se torna-se uma rapariga triste, sem vontade
de viver, fria, onde os sentimentos já não existiam…
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