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Este fim-de-semana vai ser idêntico a todos os
outros, desde há um mês para cá. Enfiada na cama, coberta de mantas, entre
quatro paredes, com a televisão ligada sem ter noção do que se passa à minha
volta. Não sei como está o tempo, se as flores florescem, se os pássaros
cantam… Eu não sei o que passa comigo, muito menos com o que se passa no
exterior. Sinto falta de coisas que me faziam sentir bem, mas também só queria
distância de certas coisas que me magoaram imenso.
Os meus olhos têm saudades de te admirar como dois
seres bastante gulosos, mas do que eles sentem mesmo saudades é desse sorriso
meio acanhado que está sempre presente no teu rosto. É difícil fingir que nada
aconteceu. Fingir que as palavras bonitas não foram ditas e que os sentimentos
não foram revelados. É difícil fingir que os sorrisos foram por acaso e fingir
que as coisas não estavam a correr bem. É complicado deixar tudo para trás,
como se não fosse nada. Esquecer as últimas semanas e esquecer tudo o que ficou
guardado na minha memória. Todas as conversas, todos os telefonemas. Todos os
sorrisos e todas as gargalhadas. Os suspiros, os segredos, as revelações. Nada
é por acaso e se assim foi, é porque tinha de ser.